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7 de abril de 2019

Meditação - antídoto para a ansiedade

Link para o material do retiro do fim de semana em Serra Negra, Meditação - antídoto para a ansiedade.

28 de maio de 2018

Viver e meditar - novo canal no Youtube


Queridos todos
Decidi oferecer reflexões curtas gravados em video num novo canal Viver e Meditar.
Aqui é o primeiro.

21 de agosto de 2017

Material do retiro de Inteligência Espiritual junho 2018

O material do retiro está aqui:
Podem fazer um download dos Powerpoints que usei AQUI.
O Video da Meditação AQUI
Não se esqueçam, meu novo canal de videos de 3 minutos, 3 vezes por semana "Viver e Meditar" Youtube e Facebook

Saudações de Paz para todos!
Ken

19 de dezembro de 2016

14 de dezembro de 2016

Maestria da mente (3) - os macacos descontrolados


Que fazer com os macacos soltos na cabeça?

"O objetivo de cada alma é a liberdade, a maestria, a liberdade da escravidão da matéria e do pensamento, a maestria da natureza externa e interna."
Esta é uma frase de Swami Vivekananda, um dos mais respeitados mestres espirituais dos tempos modernos. Ele foi praticamente o primeiro iogue indiano a aparecer antes dos olhos ocidentais. No primeiro Parlamento das Religiões Mundiais, realizado em Chicago em 1893, ele impressionou muitos com sua simplicidade e clareza. Apenas dizendo o óbvio, "Irmãs e irmãos da América!", ele foi aplaudido de pé durante dois minutos pelos sete mil presentes. Em determinado momento, chamou a atenção gentilmente para a prisão das nossas respectivas crenças. Contou a história de um sapo que acreditava que o poço onde morava era o único no mundo sobre o qual queria saber e que se recusava a acreditar que poderia haver outros.
"Isso sempre tem sido a dificuldade. Eu sou um hindu. Estou sentado no meu pequeno poço pensando que ele é o mundo inteiro. O cristão se senta no seu pequeno poço pensando que aquele é o mundo inteiro. O mulçumano se senta no seu pequeno poço pensando que ele é o mundo inteiro."

Esquecemo-nos confortavelmente que crenças e práticas são, na sua maioria, externas ao nosso ser mais profundo. Conforme vamos mais para dentro da experiência do estado interior, nos afastamos de palavras, símbolos, rituais e até mesmo das diferenças religiosas. Apesar das nossas diversas culturas e tradições, somos muito parecidos em nossos núcleos espirituais. É como se a mente estivesse presa em seu estado mais superficial onde ela não tem nenhuma chance de controlar a si mesma.
Em seu livro clássico, 'Raja Yoga', ele compara a mente com as palhaçadas de macacos. Não apenas qualquer macaco, mas um macaco bêbado pelo vinho do desejo, envenenado pelo escorpião do ciúme e possuído pelo demônio do orgulho. Mesmo se sua metáfora seja forte, todos nós podemos compreende-la. É fácil entender que, se apenas ficamos observando as travessuras do macaco, embora podemos acalmá-lo, não poderemos alterá-lo.
Procurando por um paralelo a esta falta de controle na espiritualidade ocidental, me deparei com um clássico inspirado de Thomas à Kempis, A Imitação de Cristo - do século 15.
"Sempre quando um homem deseja alguma coisa além da medida, ele imediatamente se torna inquieto. O homem orgulhoso e avarento nunca está em repouso; enquanto os pobres e humildes de coração permanecem em uma abundância de paz."

Apesar de sua linguagem arcaica, qualquer pessoa de qualquer tradição pode se relacionar com esta explicação das razões para a inquietação mental. Assim, precisamos saber como a mente funciona, a fim de controlá-la.
A partir da experiência de mais de quarenta anos como estudante e professor de meditação Raja Yoga, eu ainda me sinto como um novato quando vejo a infinidade de coisas que ainda preciso aprender sobre meu mundo interior. Posso dizer honestamente que o problema não é a mente em si, mas o que acontece nela. Num nível superficial, a meditação pode ser “não pensar em nada” na tentativa de produzir clareza. Assim dizem os adeptos modernos. Na realidade, tenho que entender o que está criando os milhares de "destroços" na mente e lidar com isso.
Em um nível básico, a mente é como uma praia onde as ondas da atividade mental estão quebrando. Há um mar de experiências passadas e possibilidades futuras que gira para lá e para cá, de uma forma aparentemente aleatória à medida que tentamos lidar com o que está sendo trazido à praia. Se permaneço como uma testemunha passiva do jogo das ondas, posso ficar anestesiado pela incessante inquietude. Eu esqueço que sou o mestre sentado na praia e não apenas um observador impotente. Eu não sou a praia da mente. Eu tenho uma mente. Eu sou o criador do meu mar de experiências e tudo que vem com ele. Eu tenho um intelecto através do qual posso escolher conscientemente o que eu quero pensar e o que fazer com ele, uma vez que eu o criei.
Talvez o maior obstáculo para o controle do mundo interior é a própria palavra "controle". A imagem imediata do controle da mente é alguém fazendo esforços árduos para restringir, regular ou aplicar um freio para as coisas que o mar está jogando na praia.

Na minha própria prática, tenho visto que o poder espiritual e a qualidade da atividade mental estão relacionados. É como se houvesse um interruptor interior do tipo dimmer. Conforme eu aumento meu poder espiritual através da meditação, há luz suficiente para enxergar as coisas claramente. A negatividade desaparece no fundo e um senso de controle natural surge. Conforme eu levo o dimmer para baixo, as sombras voltam trazendo consigo a inquietação.
Um exemplo fácil é entender a relação entre a expectativa e a plenitude. Conforme meu sentimento de plenitude interna sobe, não há nada que desejo ou espero dos outros ou das situações. Conforme ele vai para baixo, todos os tipos de desejos surgem tentando compensar o vazio interior.
Então, toda a questão da maestria mental está relacionada com a quantidade de energia espiritual que posso gerar e acumular. Com a minha bateria interna cheia posso enfrentar qualquer coisa. Se não, as situações quase sempre serão mais fortes que a minha capacidade de lidar com elas, trazendo consigo uma sequência interminável de pensamentos inúteis e negativos.
Então, como carregar a bateria? Vou abordar este tema no próximo post.

6 de dezembro de 2016

Maestria da mente (2) - meditação e mindfulness




Hoje há uma explosão de interesse pela meditação. Um estudo de 2012 nos EUA, publicado pelo National Health Institute, revelou que 8% da população praticou alguma forma de meditação naquele ano. Dentre elas, a meditação ‘mindfulness’ foi a que mais estava crescendo.



Como um estudante e professor de meditação por mais de 40 anos, só posso me sentir feliz que muitas pessoas estão tendo contato com esta prática de vida muito antiga. Dado o caos em que estão nosso mundo e vidas, há uma demanda reprimida por ela. Ao mesmo tempo, sou um pouco cauteloso com o marketing que cerca a meditação.



Na questão de meditação do tipo ‘mindfulness’, por exemplo, há uma infinidade de livros inundando o mercado. Ela aparece como uma panaceia para muitos áreas da sociedade. Títulos como “Algo” Mindful abundam. Basta substituir o “Algo” por Trabalho, Comer, Fazer Exercício, Liderança, Criança, Adolescente, Ser Pai e temos a promessa de um mundo maravilhosamente consciente. Fazer todas essas coisas de maneira mais 'mindful' obviamente traz benefícios.



Infelizmente, como tantas das terapias que aparecem de vez em quando, nenhuma delas pode ser a resposta para tudo. A forma como a ‘mindfulness’ é apresentada, faz com que ela pareça como algo inventado recentemente. Como se a prática da meditação não existisse há milhares de anos! Sabemos que a meditação em diferentes formas sempre esteve disponível para resolver nossos problemas da vida.



Para completar a inserção da ‘mindfulness’ no mainstream ocidental, até mesmo a palavra ‘meditação’ tem sido abandonada por muitos, de modo que não esteja mais associada a qualquer prática espiritual ou religiosa, de acordo com suas raízes budistas.

Os expoentes da ‘mindfulness’ dizem que seu objetivo não é controlar a mente. De acordo com a crença popular e as razões descritas no blog anterior*, sobre nossos músculos flácidos mentais e emocionais, eles dizem que não é possível ter tal controle. Em vez de controlar pensamentos, a ideia é observa-los. Assim, acalmamos sua atividade, aprendemos a lidar com a ansiedade e assim por diante.



Tudo isso é verdade. Só de praticar pausas significativas nas nossas vidas frenéticas e concentrar-nos na entrada e saída regular do ar em nossa respiração enquanto observamos o movimento da mente, do corpo e do mundo ao redor, é uma maneira definitiva de nos desacelerar e nos sentirmos calmos.



No entanto, tentar fazer isso em meio a uma crise grande é outra história. Por exemplo, diante de:

  • Notícias relacionadas a uma doença terminal de alguém próximo ou de nós mesmos
  • Uma calamidade natural ou humana
  • Ser roubado de todo o dinheiro e documentos
  • Passar por um divórcio
  • Perder um emprego
  • Envolver-se em um grave acidente de trânsito

A capacidade de estabilizar a mente em um segundo em tais situações requer uma longa prática e uma compreensão mais completa das razões por detrás dos acontecimentos. Especialmente sobre o funcionamento interno do ser, através da mente e do intelecto. Os traços de defiotos na personalidade, profundamente enraizados, não podem ser transformados pelo simples ato de acalmar-se. Isso exige aquilo que os antigos chamavam de tapasya - um estado intenso de compreensão e conexão com o ser e o divino, que poderia queimar as sementes dos mesmos. Em outras palavras, é possível mudar aspectos básicos da nossa personagem através da meditação, mas não qualquer meditação. Tem que ir além do primeiro passo de atenção plena.

O que muitos não sabem, é que o mindfulness está relacionado com a prática de sati, uma das sete etapas para a iluminação no budismo. Em 1881, Thomas William Rhys Davids, um magistrado britânico no então Ceilão (atual Sri Lanka), teve de julgar vários conflitos eclesiásticos budistas. Ao analisar textos sagrados em pali, a língua antiga do Budismo Theravada, ele sugeriu pela primeira vez a palavra "mindfulness" como sinônimo de "atenção" e como uma tradução aproximada do conceito budista de sati.
Sati, e seu homólogo sânscrito, smṛti, significam basicamente consciência, ou o que nos lembramos. Ou, mais simples ainda, lembrança, dependendo do contexto. Uma das primeiras etapas em tradições antigas védicas de meditação é estabilizar o smti, usando diversas técnicas. Uma vez que o próprio Buda nasceu centenas de anos após a meditação védica ter criado suas raízes, ele e seus seguidores provavelmente tiveram contato com estas tradições. Isso certamente é aparente nas muitas similitudes na prática de meditação, especialmente em relação ao sati.

Ao separar o sati das outras seis etapas para a iluminação, e tratar de ocidentalizá-lo, como aconteceu com tantos outros caminhos espirituais, pode ser que tenhamos perdido a sua essência. Há tanta banalização, cursos e "especialistas" de mindfulness, em uma procura de novas maneiras de ganhar dinheiro. Em meio a tudo isso, podemos estar enganando a nós mesmos achando que a simples experiência de ‘nos sentirmos bem’ possa resolver nossas questões mais profundas... enquanto as mentes continuam tão descontroladas como sempre.

Afinal, um dos princípios centrais do budismo é que não dá para escapar do sofrimento. Devemos entendê-lo e dar um jeito nele. Isso exige um trabalho um pouco mais fundo do que apenas entrar em um estado de atenção plena agradável. Os outros seis passos foram, de fato, essenciais para completar a jornada.

No próximo blog vou compartilhar acerca de um dos maiores mestres de meditação dos tempos modernos, Swami Vivekananda, que aborda toda a questão de controlar nossas mentes a partir de um ângulo diferente. Vamos ver como sati e smriti são exatamente a mesma coisa. Fiquem atentos.