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5 de setembro de 2013

Você não precisa ser um expert para fazer algo interessante


Vivemos num mundo superespecializado. Basta dar uma olhada na área da saúde: há especialistas para cada parte do corpo (olhos, ouvidos, nariz, rosto, ossos, sangue e assim por diante). No campo das emoções há especialistas para fobias, manias, síndromes, inter-relações. A lista é interminável. A legislação tornou-se tão complexa que até mesmo para coisas simples precisamos consultar um advogado. Lembro-me de falar com o presidente da câmara de vereadores de São Paulo, quando fui dar uma palestra há alguns anos e ele disse-me que seu objetivo era reduzir as 11.000 leis municipais para 8.000 dentro de um período de dois anos. Tudo na nossa vida parece ser regulado, mas em meio ao caos de São Paulo as coisas certamente não parecem funcionar de uma forma regulada.
Como nos tornamos especialistas em diferentes fragmentos da realidade, provavelmente perdemos de vista como tudo se encaixa. Além disso, passamos a depender quase totalmente daqueles que são apenas especialistas em fragmentos. No poema A Rocha (1934) T. S. Eliot expressa isso muito claramente:

O infinito ciclo das ideias e dos atos,
infinita invenção, experimento infinito,
traz conhecimento da mobilidade, mas não da quietude;
conhecimento da fala, mas não do silêncio;
conhecimento das palavras e ignorância da Palavra.
Todo o nosso conhecimento aproxima-nos de nossa ignorância,
toda a nossa ignorância aproxima-nos da morte,
mas a aproximidade da morte não nos aproxima de Deus.
Onde está a vida que perdemos em viver?
Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?
Onde o conhecimento que perdemos em informação?

Na busca de um significado mais profundo para as peças de quebra-cabeça da vida, podemos ficar intimidados pela forma com que os especialistas são valorizados em nossa sociedade. Muitos acreditam que eles precisam de um diploma e anos de experiência antes de fazer algo importante. Isto pode ser verdade, em alguns casos. Nós certamente precisamos ter estudado sobre cirurgia para poder realizá-la. Quem iria querer ser representado em uma questão legal complicada por alguém que não tivesse as qualificações e a experiência necessárias? No entanto, quando se trata de questões relacionadas ao viver e interagir com o mundo, as únicas qualificações que precisamos são a sensatez, a curiosidade e a determinação.
Vários anos atrás, tive a ideia de criar um DVD com sequências de meditação visual e música de fundo. Não haveria palavras, o que tornaria o projeto incrivelmente acessível. Sem palavras significa sem traduções. Como seres humanos, a maior parte da nossa comunicação está conectada com os sentimentos e vibrações e o fato de que temos aspirações comuns relacionadas ao amor, à paz e à felicidade. As palavras são, por vezes, até mesmo supérfluas. Então, eu percebi que, se preparasse alguns vídeos simples e os deixasse disponíveis, as pessoas iriam se interessar.
Não sou um especialista em design gráfico nem em produção de vídeos. Na verdade, considero-me apenas um leigo nessas áreas. Sem me incomodar com minha falta de experiência, preparei uma demonstração e a entreguei para um amigo na Índia, que posteriormente a postou no Youtube. Agora, alguns anos depois, esta inspiração simples já foi vista 3.246.644 vezes (no dia da postagem deste blog). Se você está interessado, clique neste link.


Realmente, você não precisa ser um especialista para fazer algo interessante e para o benefício dos outros. Além disso, não temos que nos perder mais nos fragmentos.

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