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11 de maio de 2015

Quem nos dá o 'direito' de perder a calma? (Parte 1)


Ninguém gosta quando um outro perde sua calma. Tentamos fugir para longe de seus gritos ou resmungões. Este 'direito’ de perder a calma é sempre cedido pela própria pessoa a ela mesma. Ela não pede a permissão para ficar transtornada ou chateada. Quando é a nossa vez de expressar o descontentamento assim, esquecemos convenientemente o impacto que isso teria em outros.

Crescemos neste mundo complexo acreditando que temos este ‘direito’ diante de qualquer cena da peça da vida que não gostamos. Alguém de repente corta na nossa frente no trânsito; esperamos uma hora por um amigo e ele não aparece; não nos qualificamos para algo, apesar de meses de preparação; alguém nos insulta, direta ou indiretamente ... a lista é grande. Nos defendemos rapidamente em qualquer situação que desafia as ilusões do ego e paradoxalmente saimos correndo quando outro se comporta do mesmo jeito.

Mesmo sabendo que vivemos em um mundo onde tudo pode acontecer a qualquer um a qualquer momento, não precisamos ficar abalados com tanta facilidade. Mesmo assim, o problema é quando esse 'direito' é aliado a uma natureza sensível ou ao perfeccionismo. Tanto os que têm uma natureza como a da flor não-me-toque, como os prepotentes não percebem a insatisfação que geram nos outros. Andamos em cacos de vidro com os sensíveis e fugimos dos prepotentes, enquanto estes ficam perplexos porque não são tão bem-quistos.

Uma vez um amigo me disse que foi criado por uma tia que era tão perfeccionista que nunca estava satisfeita com a própria casa. Uma parte ou outra estava permanentemente em reforma. Quando ela morreu, ainda estava reformando. Mesmo que ela pudesse derrubar paredes e mudar pedaços inteiros da casa de um lado ao outro, nas partes que estavam 'prontas', ninguém podia mover qualquer coisa, mesmo por um centímetro. O ousado que fizesse isso, estaria imediatamente sujeito a uma palestra irada dela, sobre suas mãos sujas ou a proibição de tocar em qualquer objeto. Todos os visitantes já sabiam que só poderiam ir lá sob risco de ouvir gritos desagradáveis. Ela tinha todos os ‘direitos’ e todos os outros nenhum. Na Índia, eles dizem que este tipo de raiva doméstica seca os vasos. Certamente, havia muitas flores murchas naquela casa! Até hoje, este amigo tem dificuldades grandes em lidar com pessoas que exibem traços de autoritarismo.

Depois de ouvir a história, pensei sobre como seria bom se pudéssemos ter esse grau de atenção em nosso estado interior, como esta tia tinha em sua casa física. Pensamentos limpos seriam naturais. A aprendizagem correta produziria as reformas necessárias do nosso caráter. Tudo estaria em seu lugar. Não haveria sequer a vontade de ficar chateado.

Uma das principais experiências que tenho recebido da minha prática de meditação raja yoga é que quando estou mais alinhado (set em inglês) internamente com as minhas qualidades inatas, torna-se muito difícil ficar chateado (upset). Não é só uma questão de ter a vontade de evitar ficar chateado. É necessária uma estabilidade interna de verdade.

Curiosamente, a palavra ‘chateado’ em hindi é ‘naraaz’. ‘Raaz’ significa segredo. Então, ficar chateado é não entender os segredos! Poder ver o quadro completo ajuda muito. Se nos treinarmos para conseguir ter uma perspectiva ampla, vemos mais e compreendemos mais. Amplitude de visão traz a estabilidade. Caso contrário, reagimos insensatamente porque não entendemos os segredos por detrás dos acontecimentos.

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